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Aterosclerose
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Aterosclerose 

A aterosclerose é uma doença crônica que afeta a parede das artérias de médio e grosso calibres, levando a formação de placas de gordura, chamadas de ateromas, que podem comprometer o fluxo de sangue através dessas artérias.

A doença  pode afetar as artérias do cérebro, coração, rins, aorta (maior artéria do corpo humano) e de outros órgãos vitais, assim como as artérias que irrigam os dos membros superiores e inferiores.

Quando a aterosclerose ocorre nas artérias que suprem o cérebro (artérias carótidas e seus ramos), ela poderá provocar uma isquemia cerebral transitória ou um acidente vascular cerebral (derrame cerebral).

Quando a doença afeta as artérias que suprem o coração (artérias coronárias e seus ramos), ela poderá provocar angina do peito, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e morte.

Nos Estados Unidos e na maior parte do mundo, a aterosclerose e suas manifestações clínicas são as principais causa de doença e morte.  Apesar dos importantes avanços da medicina, o infarto do miocárdio (“ataque cardíaco”) e o acidente vascular cerebral (“derrame cerebral”) são responsáveis por mais mortes que todas as demais causas combinadas.

Fatores de risco

O  surgimento e a progressão  da aterosclerose relacionam-se com a presença dos fatores de risco cardiovascular.  Os principais são:  hipertensão arterial, dislipidemias (níveis sanguíneos elevados de “colesterol ruim” ou LDL-colesterol  e níveis baixos de “colesterol bom” ou HDL-colesterol), tabagismo, diabete melito , obesidade (principalmente a obesidade central, ou seja, localizada acima da cintura), sedentarismo, estresse psicossocial e envelhecimento.

O fato de um indivíduo ter um parente de primeiro grau (pais, irmãos e avós) que  tenha apresentado manifestações de aterosclerose precoce (parente homem com menos de 55 anos e parente mulher com menos de 65 anos), também é um importante fator de risco (história familiar positiva para aterosclerose prematura).

Na hipercolesterolemia familiar, outra doença hereditária, níveis sanguíneos de colesterol extremamente altos estimulam a formação de ateromas nas artérias coronárias, muito mais do que nas demais artérias do organismo.

Causas

A aterosclerose começa quando os monócitos (um tipo de glóbulo branco de defesa) migram da corrente sanguínea para a parede da artéria, transformando- se em células que acumulam gordura. Com o decorrer do tempo, esses monócitos gordurosos acumulam-se e provocam um espessamento em forma de placas no revestimento interno da artéria.

Cada área de espessamento (chamada de placa aterosclerótica ou ateroma) é constituída por diversos componentes como o colesterol, células musculares lisas e células do tecido conjuntivo. Os ateromas podem localizar-se em artérias de médio e grande calibre, mas geralmente eles formam-se nos locais de ramificação das artérias, supostamente porque a turbulência do sangue, constante nessas áreas, lesa a parede arterial, tornando-as mais susceptíveis a formação dos ateromas.

As artérias afetadas pela aterosclerose perdem sua elasticidade e, a medida que os ateromas crescem, tornam-se mais estreitas. Com o passar do tempo, os ateromas acumulam depósitos de cálcio e, podem tornar-se frágeis e se romper. O sangue então pode penetrar em um ateroma rompido, aumentando seu tamanho e diminuindo ainda mais a luz arterial. O ateroma roto também pode liberar seu conteúdo gorduroso, dando início a formação de um coágulo sanguíneo (trombose). Este processo é conhecido como acidente da placa de ateroma.

O coágulo pode diminuir ainda mais a luz da artéria ou mesmo obstruí-la, ou ainda, ele pode desprender-se e produzir uma oclusão (embolia) em um segmento distal da circulação.

O acidente de uma placa de ateroma em uma artéria coronária costuma manifestar-se de uma forma aguda, sob forma de doenças como a angina instável, infarto do miocárdio ou morte súbita.

Sinais e sintomas

Em geral, a aterosclerose  não causa sintomas até haver produzido um estreitamento importante da artéria ou provocar uma obstrução súbita (acidente da placa de ateroma). Os sintomas dependem do local de desenvolvimento da aterosclerose. Por essa razão, eles podem refletir problemas no coração, cérebro, membros inferiores ou em praticamente qualquer região do corpo.

Quando aterosclerose afeta uma artéria de forma considerável, as áreas do corpo por ela supridas podem não receber uma quantidade suficiente de sangue, o qual transporta oxigênio para os tecidos. Este processo é conhecido como isquemia tecidual. Por exemplo, durante a prática de exercícios o indivíduo sente dor torácica (angina de peito) em decorrência da falta de oxigênio no coração, ou, ao caminhar, sente câimbras nas pernas (claudicação intermitente), decorrente da falta de oxigenação nos músculos das pernas.

Em geral, esses sintomas desenvolvem-se gradualmente, conforme a aterosclerose vai evoluindo e estreitando a luz da artéria. Infelizmente quando uma obstrução ocorre de modo súbito (acidente da placa de ateroma), ou seja, quando um coágulo sanguíneo surge repentinamente em uma artéria, os sintomas surgem de forma aguda. Angina do peito instável, infarto do miocárdio, isquemia cerebral transitória, derrame cerebral e oclusão arterial aguda dos membros são consequências comuns desse processo súbito.

Prevenção e tratamento

Para evitar a aterosclerose devemos combater os fatores de risco modificáveis: dislipidemias (anormalidades do colesterol e suas frações), hipertensão arterial, tabagismo, diabete melito, obesidade, sedentarismo e estresse psicossocial. Felizmente, a instituição de medidas para atingir alguns desses objetivos acaba auxiliando a atingir os outros. Por exemplo, o início de um programa de exercícios ajuda o indivíduo a perder peso, o que por sua vez auxilia a reduzir o nível de colesterol, glicemia e pressão arterial.

A interrupção do tabagismo também ajuda a aumentar o nível do “colesterol bom” (HDL-colesterol) e o controle da pressão arterial. Além das mudanças nos hábitos de vida, para obtermos estas metas de prevenção,  geralmente serão necessários o uso de diversos medicamentos: anti-hipertensivos (tratamento da hipertensão arterial), hipoglicemiantes orais e insulina (tratamento do diabete melito), medicamentos hipolipemiantes (drogas redutoras de colesterol, como as estatinas, ezetimiba e inibidores da PCSK9), medicamentos para auxiliar na perda de peso e cessação do tabagismo, medicamentos para o combate do estresse e depressão, entre outras.

As estatinas e os inibidores da PCSK9 são medicamentos que comprovadamente possuem a capacidade de regredir o processo de aterosclerose. Para os indivíduos que já apresentam um risco elevado de cardiopatia, o tabagismo é particularmente perigoso, pois o fumo diminui o nível do “colesterol bom” (HDL-colesterol) e aumenta o nível do “colesterol ruim” (LDL-colesterol), além de aumentar a possibilidade de formação de coágulos (“acidente da placa de ateroma”).

O tabagismo também eleva o nível de monóxido de carbono no sangue, o que aumenta o risco de lesões do revestimento da parede arterial, além disso, o fumo contrai as artérias já estreitadas pela aterosclerose, comprometendo ainda mais o volume de sangue que chega aos tecidos. O fumo também aumenta a tendência do sangue de coagular e, dessa forma, aumenta o risco de doença arterial periférica, doença arterial coronariana, derrame cerebral e obstrução de um enxerto arterial após uma intervenção cirúrgica. O risco de doença arterial coronariana do tabagista está diretamente relacionado ao número de cigarros fumados diariamente.

Os indivíduos que deixam de fumar apresentam uma redução de 50% do risco em 2 anos em comparação aquelas pessoas que continuam a fazê-lo, independentemente do período de tempo que eles fumaram. O abandono do tabagismo também diminui o risco de morte após uma cirurgia de revascularização miocárdica (“cirurgia de ponte de safena”) ou após um infarto do miocárdio. Além disso, o abandono do tabagismo diminui a incidência da doença e o risco de morte em indivíduos com aterosclerose em artérias distintas daquelas que suprem o coração e o cérebro.

Resumidamente, a melhor forma de tratamento para a aterosclerose é a prevenção. Quando a aterosclerose torna-se suficientemente grave a ponto de causar complicações, o médico deverá tratar as complicações : angina do peito , infarto do miocárdio , insuficiência cardíaca, insuficiência renal, acidente vascular cerebral , obstrução de artérias periféricas , entre outras.

Dieta Mediterrânea

A dieta Mediterrânea é seguramente benéfica na prevenção e combate ao processo de aterosclerose. Essa dieta baseia-se num conjunto de tradições alimentares de países do mediterrâneo, como a Grécia, Itália, Espanha e Portugal.

A dieta Mediterrânea inclui:

-Azeitonas e azeite de oliva;

-Grãos inteiros (especialmente em pães e cereais, ao invés de grãos refinados dos pães brancos, massas e bolos);

-Poucos doces;

-Pouca carne vermelha, ingestão abundante de peixes, alguns frutos do mar e frango;

-Queijos brancos, mas pouco leite;

-Ingestão diária de frutas, legumes e verduras;

-Oleaginosas e frutos secos como damascos e tâmaras;

-Vinho tinto (um copo de suco de uva pode ser uma opção para aqueles que não bebem).

As pessoas que vivem nesta área do mediterrâneo tendem a comer alimentos ricos em gordura, mas também têm uma incidência menor em doenças cardiovasculares, em comparação a outras partes do mundo.

Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.

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